A chegada do inverno traz consigo, nas regiões sul e sudeste do Brasil, a colheita do Pinhão. Uma iguaria, essa semente da árvore símbolo do Paraná e muito apreciada por humanos, bem como por diversos animais habitantes da Floresta das Araucárias.
Não tem como falar em pinhão sem falar da Floresta das Araucárias. Na verdade é a Floresta Ombrofila mista onde, por sua imponência, destacam-se a as Araucárias. Antes da colonização ocupava 200.000 Km2, ocupando 40% do Paraná, 30% de Santa Catarina e 25% do Rio Grande do Sul. Ocorre também algumas manchas dessa floresta nas partes mais elevadas das Serras do Mar, Paranapiacaba, Bocaina e Mantiqueira, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, e também na Argentina.
A floresta das Araucárias foi alvo da exploração madeireira durante a colonização do sul do Brasil, e quase dizimada, restando apenas 3% de floresta conservada. Isso tornou a Araucária, produtora de pinhão, uma espécie em extinção.
Diversos animais, que tem como habitat esse ecossistema se alimentam desta semente. Aves como maitacas, gralhas e sabias; animais terrestres como cotias, antas e capivaras se alimentam das sementes.
Ainda, além da importância para a fauna e flora, o pinhão representa fonte de renda de comunidades tradicionais inseridas neste contexto. Estas populações tem como fonte de renda nos períodos mais frios a venda de pinhão. É comum, nas estradas, encontrar diversas barraquinhas vendendo em redes. Mas temos que tomar cuidado na compra dessas sementes.
Muitas vezes, é colhido verde das Araucárias. O pinhão demora em torno de 20, 24 meses até atingir sua maturação, assim sendo, em um único pinheiro teremos sementes de diversas idades. As pinhas que não atingiram sua maturação são confundidas com pinhas quase maduras e derrubadas. Esta prática é ilegal, a colheita e comercialização de pinhão verde é vedada pela Portaria IAP nº 046/2015.
O pinhão verde tem casca mais clara comparada com sementes maduras, que apresentam casca mais amarronzada. O alto teor de umidade em sementes verdes, favorece a atividade fúngica, conferindo a semente propriedades tóxicas. Também é prejudicial a saúde podendo causar problemas como a má digestão, náuseas e até episódios de constipação intestinal.
Fotos: Pinha colhida verde, semente verde, e os pinhões mal formados na pinha verde