Saneamento ecológico – Então você tem aquela área rural dos sonhos, aquela residência de final de semana perto do rio que muita gente almeja, mudou-se para aquele condomínio de chácaras que diz respeitar o meio ambiente. Então tudo que você enxerga está acima da terra, as árvores, os animais e o resíduo que você produz e leva para reciclagem ou um destino mais adequado. Porém, existe algo que não aparece muito aos seu olhos, algo que fica enterrado e mesmo silenciosamente polui os corpos hídricos e o solo. O esgoto produzido durante suas atividades está sendo corretamente destinado e tratado?
Cada pessoas gera em torno de 150 litros de esgoto por dia, então fazendo uma simples conta, uma família de 3 pessoas em dois dias gera em torno de 900 litros de efluentes. E pra onde vai esse efluente? Será que o tratamento que você vem usando irá “despoluir” o esgoto em um nível satisfatório? A resposta pode ser o Saneamento Ecológico.
Para a população urbana, é exigido em lei sua correta ligação com a rede de esgoto que posteriormente deve ser encaminhado para tratamento. Mas e a população que não tem disponibilidade de rede de esgoto, qual a melhor alternativa? O Saneamento ecológico apresenta-se como solução de baixo custo
Em muitos locais, que não possuem acesso a rede de esgoto, é comum a instalação de fossas seguidas de sumidouros, ou mesmo as antigas fossas negras( a rigor um buraco que “esconde” o esgoto de sua percepção). Porém fossas sépticas são consideradas um sistema primário de tratamento de efluentes, com baixa eficiência de remoção de carga orgânica. As fossas sépticas são reatores biológicos anaeróbios geralmente enterrados, em sua operação são produzidos gases como metano e tem eficiência de remoção em torno de 60% de carga orgânica(DBO/DQO). Assim sendo a fossa séptica é a primeira unidade do sistema de tratamento, e não o tratamento de esgoto em si.
Antes de começar a desenvolver um sistema de Saneamento ecológico para esgoto devemos entender que o seu esgoto pode ser separado em duas “linhas”:
Águas cinzas – Correspondem a quase 80% da produção de esgoto; advém de todos os locais onde não há contaminação fecal ou de urina.
Água negra – advém dos locais com contaminação fecal e de urina.
Algumas das águas da linha cinza vem sendo largamente reutilizadas sem tratamento, a exemplo da água que sai da máquina de lavar para limpeza de pisos, porém as águas negras continuam poluindo o meio ambiente.
Para despoluir nosso esgoto, com Saneamento ecológico de forma mais eficiente existem diversas técnicas, e na grande maioria delas a parte fundamental é a exposição de plantas ao efluente. Estas, em suas raízes, irão se aproveitar da carga orgânica inerente ao esgoto e também podem dispensar um sumidouro, retornando a água despoluída para o meio, através da transpiração natural das suas folhas.
Mas atenção, esses sistemas são um polimento do efluente da fossa séptica. Além da fossa séptica é altamente recomendável o uso de uma caixa de gordura simples na saída da pia da cozinha; os óleos e graxas animais e minerais tem difícil decomposição nestes tipos de sistemas. A fossa séptica pode ser bem menor caso separe-se a água cinza da negra, acarretando em redução de custos, Porém recomenda-se que se faça uma pequena caixa para retenção de sólidos grosseiros e equalização na linha de água cinza para as técnicas de Saneamento ecológico.
Este sistema consiste em lançar o efluente em um poço retangular impermeabilizado, utilizando britas como meio filtrante e coberto por solo, rodeado de bananeiras, plantas naturais de terrenos úmidos e ricos em matéria orgânica. As bananeiras utilizam os nutrientes providos pelo escoamento do efluente e absorvem grande parte da água(cada bananeira consome em torno de 80 litros de água por dia).
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Este sistema tem seu funcionamento com início na fossa séptica, posteriormente, o efluente é encaminhado através de uma rede de tubulações perfuradas para a unidade de zona de raízes, mais ou menos a uns 10 cm abaixo da superfície do meio filtrante(areia e pedra brita nº 2), onde tem início o tratamento secundário. As plantas utilizadas neste tipo de tratamento devem ser aportadas pela brita e com profundidade aproximada de 50 cm, ao longo da rede de distribuição de efluente. Abaixo da camada de brita tem-se uma camada constituída por areia com profundidade de 40 cm. No fundo do sistema encontram-se as tubulações de coleta do efluente tratado, que são conduzidos para fora da estação através da diferença de nível. Afim de evitar a contaminação do solo, e dos recursos hídricos todo sistema deverá ser impermeabilizado por geomembrana ou concreto armado.